Dentro de Mim

"Aqui começa o meu descampado Ou o meu jardim cultivado; Aqui começa a minha queda vertiginosa Ou a minha entrada gloriosa; Aqui, somente aqui, Começa o que jamais acabará aqui; Aqui serei muito ou serei pouco, Serei pobre ou serei louco, Serei charco, lago, rio ou mar Serei o que conquistar Aqui serei o que tu quiseres E o que eu quiser, Mas é aqui que tudo começa Aqui e nada mais do que aqui" - Vasco Gonçalves

sábado, 18 de novembro de 2006

Quando Deus fez a mulher, já estava a trabalhar há seis dias consecutivos.

Apareceu um anjo que lhe perguntou: " Deus, porque estás a perder tanto
tempo com esta criação?"

Ao que Deus respondeu: "Já viste a minha lista de especificações para este
projecto? Ela tem que ser completamente lavável, mas Sem ser de plástico,
tem mais de 200 partes móveis, todas substituíveis, e é capaz de sobreviver
à base de Coca-Cola Light e restos de comida, tem um colo capaz de segurar
em quatro crianças ao mesmo tempo, tem um beijo capaz de curar qualquer
coisa desde um arranhão No joelho a um coração ferido e faz isto tudo apenas
com duas mãos."

O anjo ficou estupefacto com estas especificações.
"Só duas mãos!? Impossível! E este é o modelo normal? É muito trabalho só
para um dia. É melhor acabares só amanhã." "Nem pensar", protestou Deus.

"Estou quase a acabar esta criação que me é tão querida.
Ela já é capaz de se curar a si própria quando fica doente. E consegue
trabalhar 18 horas por dia."

O anjo aproximou-se e tocou na mulher.

"Mas fizeste-a tão macia e delicada, meu Deus".
"Sim, mas também pode ser muito resistente. Nem fazes ideia o que ela pode
fazer e aguentar." "E ela vai ser capaz de pensar?"
perguntou o anjo.

"Não só é capaz de pensar como é capaz de negociar e convencer". O anjo
então reparou num pormenor e tocou na cara da mulher:
"Ups, parece que tens
uma fuga neste modelo. Eu disse-te que estavas a tentar fazer demais numa
criatura só." "Isso não é uma fuga, é uma lágrima."

"E para que é que isso serve?" perguntou o anjo. "A lágrima é o seu modo de
exprimir alegria, pena, dor, desilusão, amor, solidão, luto e orgulho."

O anjo estava impressionado."És um génio, Deus.
Pensaste em tudo."
E de facto as mulheres são verdadeiramente espantosas.
Têm capacidades que
surpreendem os homens. Carregam fardos e dificuldades, mas mantendo um Clima
de felicidade, amor e alegria. Sorriem quando querem gritar.
Cantam quando querem chorar. Choram quando estão Felizes e riem quando estão
nervosas.

Lutam por aquilo em que acreditam e não aguentam injustiças.
Não aceitam um não" quando acreditam que existe uma solução melhor.
Prescindem de tudo para dar à família. Vão com um Amigo assustado ao médico.
Amam incondicionalmente.

Choram quando os seus filhos são os melhores e aplaudem quando um amigo
ganha um prémio. Ficam radiantes quando nasce um bébé ou quando alguém se
casa. Ficam devastadas com a morte de alguém querido, Mas mantêm a força
além de todos os limites.

Sabem que um abraço e um beijo podem curar qualquer desgosto. Existem
mulheres de todos os formatos, tamanhos e cores. Elas conduzem, voam, andam
e correm ou mandam emails só para mostrar que se preocupam contigo.

O coração de uma mulher mantém este mundo a andar.

Elas trazem alegria, esperança e amor. Dão apoio moral à sua família e
amigos. As mulheres têm coisas vitais a dizer e tudo Para dar.

NO ENTANTO, SE EXISTE UM DEFEITO NAS MULHERES... É QUE ELAS SE ESQUECEM
CONSTANTEMENTE DO SEU VALOR !

sábado, 4 de novembro de 2006

Um raio de egocentrismo

O sol queimava no meu corpo enquanto tentava dormir mais umas horas e recuperar as últimas noites de sono. Mas não aguentei. Levantei-me, percorri a casa descalça, entrei na sala e corri as cortinas. BOM DIA PARAÍSO. O areal húmido das ondas que passaram e o reflexo do sol a nascer no mar, que melhor forma de acordar para o dia?
Abri as portadas e não conseguia deixar de pensar em ti. O vento no rosto mostrou-me que ficaste longe, longe, longe como sempre estiveste, mas a música trouxe-te para pertinho de mim e falamos, falamos, falamos como sempre e como nunca.
Tenho medo…de no regresso tu não estares aí, mas ao mesmo tempo oiço a mais funda das minhas vozes e não deixo de pensar que ainda não é a hora. O que mais desejo é sair da cama, ouvir a minha música na areia, acompanhada de uma boa leitura e contigo no pensamento. Chegou o momento em que estou em primeiro plano. As lágrimas agora serão só de saudade, não há lugar para as desilusões de amores não vividos, não há espaço para o que podia ter sido…Quero acima de tudo conhecer-me, dar muitos e muitos passos na direcção do meu sonho. Após tantos anos chegou a minha vez. Sabe bem sentar-me numa qualquer esplanada e ser feliz simplesmente porque consegui um bom expresso, correr à beira mar e sorrir com a cumplicidade de um casal bem velhinho, chegar ao fim do dia e adormecer com um bom jazz ou blues e dormir, dormir, dormir sem pensamentos que fazem as lágrimas correr. Sabe bem olhar-me ao espelho e saber que as decisões foram acertadas, que os abraços são cheios de amor, que os beijos não foram só um impulso de desejo, sabe bem gostar do que sou.

Carta às amigas

Olá amigas,

Escrevo-vos porque as palavras gravadas permanecem no tempo, no correr dos dias, no passar das gerações e um dia quando eu não estiver por aqui talvez vos façam lembrarem-se do meu sorriso, do meu olhar, do meu abraço apertado, das minhas lágrimas não contidas, dos bons e dos maus momentos em que fomos tão felizes.
Há poucos anos começamos a construir uma vida comum e os nossos momentos, por serem os nossos, são de algodão doce. São fofos, macios, brancos e cor-de-rosa, passeiam livremente entre mãos que não têm vergonha de continuar dadas pela rua da cidade e são muito muito doces.
Hoje quero recordar-vos um dos muitos dias em que fomos tão felizes, um dia que nenhuma de nós esquecerá com certeza, um dia que teremos vontade de repetir. Eu gostava que fechassem os olhos e apreciassem os momentos que a memória revive, mas como não é possível, espero que em cada palavra sintam a saudade, a alegria, a sinceridade e o amor desse momento.
Encontramo-nos ao início da tarde numa praça tão nossa, no meio das fontes, em frente a um dos marcos da nossa bela cidade. Acabámos por tomar café no interior da Arcada e suspiramos de alegria por estarmos uma vez mais todas juntas. Faladoras como sempre, interrompemos os discursos e seguimentos de conversa numa tentativa de pôr em dia a conversa tão desejada. Ainda me lembro o lugar que cada um ocupava na mesa daquele café e nunca me esquecerei da sensação de quando vos olhei…“Estamos juntas uma vez mais…”. Revelações, sentimentos, futilidades, dores que partilhámos e confessámos sem receio de olhares julgadores.
As ruas desse dia ensolarado cheiravam a castanha assada, as primeiras, que anunciam a chegada do vento, do frio, do “adeus e até à próxima”, do regresso ao trabalho que faz o tempo passar mais depressa. Mas nesse dia nada abalaria a sinfonia alegre do coração. Carpe diem. Algodão doce, brincos, gargalhadas, passeios de lá para cá, mãos dadas, abraços fortes, beijos de amor, risos, olhares, amigas, amor para a vida, adeus e até já…
Quando será a próxima vez?
Nenhuma de nós sabe, porque o regresso nem sempre é como e quando desejamos. Mas o que realmente importa é que vocês fazem parte das músicas que oiço, das fotos que enfeitam a minha parede, dos pensamentos antes de adormecer, dos sonhos para o futuro que nos espera daqui a trinta e muitos anos. O que realmente importa é que SEREMOS NÓS a colocar grinaldas…

Até breve meus amores