Dentro de Mim

"Aqui começa o meu descampado Ou o meu jardim cultivado; Aqui começa a minha queda vertiginosa Ou a minha entrada gloriosa; Aqui, somente aqui, Começa o que jamais acabará aqui; Aqui serei muito ou serei pouco, Serei pobre ou serei louco, Serei charco, lago, rio ou mar Serei o que conquistar Aqui serei o que tu quiseres E o que eu quiser, Mas é aqui que tudo começa Aqui e nada mais do que aqui" - Vasco Gonçalves

quarta-feira, 23 de novembro de 2005

"Pedra filosofal"




"Eles não sabem que o sonho
é uma constante da vida
tão concreta e definida
como outra coisa qualquer,
como esta pedra cinzenta
em que me sento e descanso,
como este ribeiro manso
em serenos sobressaltos,
como estes pinheiros altos
que em verde e oiro se agitam,
como estas aves que gritam
em bebedeiras de azul.

Eles não sabem que o sonho
é vinho, é espuma, é fermento,
bichinho álacre e sedento,
de focinho pontiagudo,
que fossa através de tudo
num perpétuo movimento.

Eles não sabem que o sonho
é tela, é cor, é pincel,
base, fuste, capitel,
arco em ogiva, vitral,
pináculo de catedral,
contraponto, sinfonia,
máscara grega, magia,
que é retorta de alquimista,
mapa do mundo distante,
rosa-dos-ventos, Infante,
caravela quinhentista,
que é Cabo da Boa Esperança,
ouro, canela, marfim,
florete de espadachim,
bastidor, passo de dança,
Colombina e Arlequim,
passarola voadora,
pára-raios, locomotiva,
barco de proa festiva,
alto-forno, geradora,
cisão do átomo, radar,
ultra-som, televisão,
desembarque em foguetão
na superfície lunar.

Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que um homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança."

António Gedeão

sexta-feira, 18 de novembro de 2005

Hoje senti que estávamos juntas outra vez, como há muito tempo não fazíamos. Sentadas nas escadas, viradas para o Prometeu, com o friozinho desta cidade, a falar sem conveniências, sem pensarmos antes de falar....
Por momentos olhei para a entrada da universidade e vi uma menina com um casaco de ganga, cachecol comprido, quase até aos joelhos, a sorrir para as patetas sentimentalistas que se juntaram no final da tarde.

quinta-feira, 17 de novembro de 2005

"Adeus, não afastes os teus olhos dos meus"

"Quando dormes
E te esqueces
O que vês
Tu quem és
Quando eu voltar
O que vais dizer?
Vou sentar no meu lugar

Adeus
Nao afastes os teus olhos dos meus
Isolar para sempre este tempo
É tudo o que tenho para dar

Quando acordas
Porque quem chamas tu?
Vou esperar
Eu vou ficar
Nos teus braços
Eu vou conseguir fixar
O teu ar
A tua surpresa

Adeus
Não afastes os teus olhos dos meus
Eu vou agarrar este tempo
E nunca mais largar

Adeus
Não afastes os teus braços dos meus
Vou ficar para sempre neste tempo
Eu vou, vou conseguir pará-lo
Vou conseguir pará-lo

Vou conseguir

Adeus
Não afastes os teus olhos dos meus
Vou ficar para sempre neste tempo
Eu vou conseguir pará-lo
Eu vou conseguir guardá-lo
Eu vou conseguir ficar"

David Fonseca

domingo, 13 de novembro de 2005

"You're Beautiful"




"My life is brilliant.
My love is pure.
I saw an angel.
Of that I'm sure.
She smiled at me on the subway.
She was with another man.
But I won't lose no sleep on that,
'Cause I've got a plan.

You're beautiful. You're beautiful.
I saw your face in a crowded place,
And I don't know what to do,
'Cause I'll never be with you.

Yeah, she caught my eye,
As we walked on by.
She could see from my face that I was,
Flucking high,
And I don't think that I'll see her again,
But we shared a moment that will last till the end.

You're beautiful. You're beautiful.
You're beautiful, it's true.
I saw your face in a crowded place,
And I don't know what to do,
'Cause I'll never be with you.

You're beautiful. You're beautiful.
You're beautiful, it's true.
There must be an angel with a smile on her face,
When she thought up that I should be with you.
But it's time to face the truth,
I will never be with you."

sábado, 5 de novembro de 2005

Sentimentos de uma quase vida



Damos um bocadinho de nós a tudo aquilo que fazemos, por vezes, damo-nos inteiros com medo de falhar.
Hoje sei que não te posso dar muito mais e tenho medo por isso. Tenho receio que um dia, ao veres-me chegar enxergues algum defeito, não quero sair do pedestal só por opções pessoais que ficaram lá atrás, escondidas na adolescência. Tu olhas para mim e sorris com a sonância das minhas gargalhadas, ficas a olhar-me por tempos infinitos, para ti eu sou linda mesmo com uma borbulha na ponta do nariz e completamente despenteada, ninguém atura o meu mau humor e diz amar-me logo de seguida...é isto que vem depois do amor, um amor ainda maior?
Sinceramente, ninguém mais tem a capacidade de se lembrar de trazer leite condensado para eu comer à colher, só tu para percorreres trilhos na escuridão e no frio da Serra para me mostrares belezas do nosso mundo, quem mais para ficar a regelar no cimo de uma pedra até vermos a estrela cadente certa (brilhou num ápice e caiu com uma sumptuosidade incrível), para ter a paciência de me pôr a fazer ski e ainda falar com tanto carinho da maneira como eu encolhia as pernas, para compreender as minhas lágrimas quando nem eu percebo...quem mais?
Não sei se é medo, não sei se é receio, não sei se é ansiedade, mas é sentir-me crescer e ver-te a crescer comigo. É sentir que um dia, talvez, eu possa ficar para trás.