Carta às amigas
Escrevo-vos porque as palavras gravadas permanecem no tempo, no correr dos dias, no passar das gerações e um dia quando eu não estiver por aqui talvez vos façam lembrarem-se do meu sorriso, do meu olhar, do meu abraço apertado, das minhas lágrimas não contidas, dos bons e dos maus momentos em que fomos tão felizes.
Há poucos anos começamos a construir uma vida comum e os nossos momentos, por serem os nossos, são de algodão doce. São fofos, macios, brancos e cor-de-rosa, passeiam livremente entre mãos que não têm vergonha de continuar dadas pela rua da cidade e são muito muito doces.
Hoje quero recordar-vos um dos muitos dias em que fomos tão felizes, um dia que nenhuma de nós esquecerá com certeza, um dia que teremos vontade de repetir. Eu gostava que fechassem os olhos e apreciassem os momentos que a memória revive, mas como não é possível, espero que em cada palavra sintam a saudade, a alegria, a sinceridade e o amor desse momento.
Encontramo-nos ao início da tarde numa praça tão nossa, no meio das fontes, em frente a um dos marcos da nossa bela cidade. Acabámos por tomar café no interior da Arcada e suspiramos de alegria por estarmos uma vez mais todas juntas. Faladoras como sempre, interrompemos os discursos e seguimentos de conversa numa tentativa de pôr em dia a conversa tão desejada. Ainda me lembro o lugar que cada um ocupava na mesa daquele café e nunca me esquecerei da sensação de quando vos olhei…“Estamos juntas uma vez mais…”. Revelações, sentimentos, futilidades, dores que partilhámos e confessámos sem receio de olhares julgadores.
As ruas desse dia ensolarado cheiravam a castanha assada, as primeiras, que anunciam a chegada do vento, do frio, do “adeus e até à próxima”, do regresso ao trabalho que faz o tempo passar mais depressa. Mas nesse dia nada abalaria a sinfonia alegre do coração. Carpe diem. Algodão doce, brincos, gargalhadas, passeios de lá para cá, mãos dadas, abraços fortes, beijos de amor, risos, olhares, amigas, amor para a vida, adeus e até já…
Quando será a próxima vez?
Nenhuma de nós sabe, porque o regresso nem sempre é como e quando desejamos. Mas o que realmente importa é que vocês fazem parte das músicas que oiço, das fotos que enfeitam a minha parede, dos pensamentos antes de adormecer, dos sonhos para o futuro que nos espera daqui a trinta e muitos anos. O que realmente importa é que SEREMOS NÓS a colocar grinaldas…
Até breve meus amores
2 Comments:
At 10:27 da tarde, ... said…
Claro que não me esqueço desse dia que foi tão nosso, tao puro e genuíno...adoro-vos (com os olhos cheios de lágrimas) beijos
At 10:31 da tarde, Sílvio Mendes said…
Eu por acaso já não me lembro muito bem desse dia, acho eu, não sei, nem sei que vestido usava, se já tinha ou ainda não uma permanente azul na cabeça, não sei, mas aprecio tuas palavras e guardo-as no coração :P
continuação de boa estadia.
diverte.te
e manda aí um abraço ao Vaso.
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