Domingo, 4 de Novembro
Primeiro fim-de-semana em Lisboa: Fantástico.
O Sábado começa com sol que ilumina o apartamento de um lado ao outro. Um ambiente caloroso que convida ainda mais à leitura do jornal. Mas antes de me sentar no sofá enquanto o sol cai no rosto e aquece toda a atmosfera, fomos à descoberta. Primeiro sair de metro e procurar os respectivos lugares de emprego. Lição do dia: há estações de metro ainda mais próximas do que imaginámos.
Ao que tudo parece vou trabalhar mesmo lado a lado com a Gulbenkian, que por acaso preparou para a semana que amanhã começa um evento dedicado aos media.
O Domingo, foi a surpresa. Aqueles dias em que não se tem planos e coisas novas surgem no caminho.
Como em Lisboa se diz que ao Domingo o Terreiro do Paço é das pessoas, lá foram as duas pessoas que habitam na casa, tomar conta da Praça do Comércio.
Música, Filmes, Exposições prometidas em out-doors ou in-metros (transporte, não jornal gratuito) nem vê-las. Mas eis que as duas pessoazinhas, avistam uma multidão, e na multidão alguns trajam de forma diferente, e de repente PUMMM. Gravações para uma série da RTP sobre o Regicídio. Um pensamento: vida na capital, um mundo de oportunidades.
Lá acabámos por descobrir uma banca de um alfarrabista e a pensar no amigo lá comprei o livro “Portugal: a equipa de todos nós – Nacionalismo, Futebol e Media”. Passando por uma exposição de desenho, riscamos a caneta as formas das nossas mãos, num local criado para isso. E surpresa do dia: uma carrinha com acesso grátis à Internet, que lá permitiu esvaziar a caixa de e-mail e, em breves minutos, matar a saudade das conversas on-line.
Agora sentada no sofá, um trecho do dito livro despoletou a escrita desta história só para que a citação tenha princípio meio e justificação. Não que o precisasse.
“Deixei-me ficar sentado nas cadeiras azuis por mais alguns minutos. Desolado, Cansado. Depois de tanta expectativa e ansiedade, era duro perder assim. Atrás de mim, um casal de namorados de vinte e poucos anos, com as caras pintadas de verde e vermelho, e que tanto haviam tentado animar a desanimada claque portuguesa durante o jogo, não conseguiam esconder as lágrimas a cair pelas faces, borrando as pinturas. Senti que muito mais gente desejava fazer o mesmo mas continha-se. Alguns discutiam e protestavam acerca de pormenores técnico-tácticos do jogo, outros queixavam-se da falta de “garra” dos jogadores portugueses”. A maior parte, no entanto, preferia um silêncio triste. Assim acabava a “grande aventura”.
(A “grande aventura” refere-se ao Euro-96)