Dentro de Mim

"Aqui começa o meu descampado Ou o meu jardim cultivado; Aqui começa a minha queda vertiginosa Ou a minha entrada gloriosa; Aqui, somente aqui, Começa o que jamais acabará aqui; Aqui serei muito ou serei pouco, Serei pobre ou serei louco, Serei charco, lago, rio ou mar Serei o que conquistar Aqui serei o que tu quiseres E o que eu quiser, Mas é aqui que tudo começa Aqui e nada mais do que aqui" - Vasco Gonçalves

domingo, 14 de outubro de 2007

Saio trajada pelas ruas de Braga. A capa solta nas costas agita-se a cada passo e ao ritmo do vento frio que aos poucos começa a chegar.
De cabeça erguida pelo orgulho de estudante, o tricórnio mostra a sua imponência a todos os que vão passando.
As ruas do centro lembram-me os melhores momentos como aluna da Universidade do Minho. Se bem que as tardes junto ao Prometeu também nunca serão esquecidas.
A fonte em frente à Arcada, em plena Praça da República, traz ao canto do olho a saudade da minha primeira latada e dos cortejos que acompanhei do início ao fim.
As ruas da Braga velhinha levam-me até ao Largo do Paço. Sento-me na borda de mais uma fonte. Aqui fui baptizada, porque a tradição o exigia, e neste mesmo local, a capa negrinha foi traçada pela primeira vez. Também aqui me despedi, um dia, dos meus primeiros finalistas.
Olho as fitas cinza e rubi cobertas pela última, que o tempo me presenteou.
Chegou o momento de começar a dizer adeus a tudo que tão bem me acolheu.
A cidade continuará sempre minha (porque sempre o foi), a Academia sempre no coração e os momentos revividos intensa e eternamente na lembrança.

Quero aproveitar cada minuto que falta, entrar na minha Academia como se fosse a primeira vez e receber, intensamente, o espírito académico que só o Minho tem.

"Sentes que um tempo acabou,
Primavera de flores adormecida.
Qualquer coisa que não volta que voou,
Que foi um rio, um ar na tua vida.•
E levas em ti guardado
O choro de uma balada,
Recordações de um passado,
O bater da velha cabra.•
Capas negras de saudade,
No momento da partida.
Segredos desta cidade
Levo comigo para a vida.

Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar
E, no lento cerrar dos olhos teus,
Fica a esperança de um dia aqui voltar.

E levas em ti guardado
O choro de uma balada,
Recordações de um passado,
O bater da velha cabra."

(BALADA DE DESPEDIDA DO V ANO JURÍDICO 1989)

5 Comments:

  • At 4:02 da tarde, Blogger ... said…

    já me estou a ver a chorar que nem uma madalena daqui a uns meses..agarrada a ti! chuif*

     
  • At 7:06 da tarde, Blogger Tiago Vaz Osório said…

    momentos que passaram a correr... tudo tem um começo e um fim. O nosso fim na Universidade parece estar a chegar ao fim... mas o resto do mundo está à nossa espera, apenas no início

     
  • At 7:07 da tarde, Blogger Tiago Vaz Osório said…

    correcção... o nosso percurso...

     
  • At 9:29 da tarde, Blogger Carolina said…

    Lindo!!!
    E quem bate palmas é do Minho, é do Minho, é do Minhoooo... Foi um orgulho, é um orgulho e será sempre um orgulho...
    Porque é a melhor academia do país... ;-)

     
  • At 1:22 da tarde, Blogger Paulo Henrique de Moura said…

    Oi Raquel
    Saudade
    Olha só, tenho uma missão para você no meu blog.

    Bjo

     

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